FILOSOFIA
DO ESTADO
PARTE
II
Aquando da invenção da máquina a vapor, o que se
tem traduzido nas expressões frequentemente usuais como a A Revolução Industrial, bem como da luta na emancipação do homem
naquele período, também traduzido nas expressões como O Iluminismo, as sociedades locais fizeram-se caracterizar de
problemas peculiares como a procura de melhores condições de vida.
Assim, os pontos onde residiam as novas técnicas tornaram-se
os bastidores no que tange ao teatro dos problemas sociais nunca antes assistidos.
Fenómenos novos como criminalidades brutais, prostituição aguda e mais, que
foram o fruto da superação populacional em relação aos recursos e ao próprio
domínio espacial, levaram ao desespero dos que exerciam o poder, assim como era
o caso da Polis na Grécia antiga.
Ora, a aderência ou preferência dos habitantes das
zonas Centro e Norte à capital do país convida a esta mesma região a
deliciar-se das amarguras outrora atravessadas pelas sociedades mentoras das técnicas
industriais; a concentração de recursos apresenta-se como resposta da indagação
do cenário actual em nossa sociedade.
A infelicidade do discurso político a esta
problemática reside na contradição entre a teoria que advoga os quadros para o
distrito, antes que estes garantam recursos para os respectivos quadros, e
consequentemente para a maioria, e isto é o que tem caracterizado o vazio das
novas políticas de desenvolvimento.
A questão dos recursos não pode ser reduzida a multiplicação
de simples instituições ou laboratórios desprovidos de materiais ou
equipamentos para a operação dos quadros que o governo tanto investe, para a
posteriori não pode-los aproveitar de forma racional, onde Moçambique é o
exemplo mais visível entre as nações.
Contudo, a questão dos recursos deve ser vista num
prisma ainda mais alargado, na medida em que não reparamos neles de forma
limitada, mas transcendendo aquilo que é o seu campo de actuação, como as novas
infra-estruturas, como é o caso de melhores estradas, serviços bancários,
sanitários, económicos e mais; pois, os quadros que se pretendem que se
desloquem aos distritos para servirem como operadores também são objectos de
operação de outros operadores.
É inconcebível que um bom electricista tenha um
atendimento sanitário precário, ao mesmo tempo que assiste o seu filho
estudando em escolas debilitadas materialmente e com uma pedagogia fracassada
por falta de recurso humano qualificado, assim como recurso didáctico; sem ainda
fazer menção da comunidade em geral que idem merece este privilégio,
resumindo-se assim numa perda da sociedade futura.
Com isso, urge ao governo o maior senso de
responsabilidade no exercício do poder, pois trata-se de uma luta orgânica na
medida em que ao repararmos o electricista, simultaneamente teríamos que
reparar o militar como defesa das fronteiras do próprio distrito, o médico,
agrónomo, canalizador entre outros serviços.
A possibilidade de uma analogia política entre Moçambique
e a maior parte dos países africanos tem a sua base na partilha dos mesmos
problemas, quer ao longo da história tanto com o presente, de maneiras que seria
lícito que nos espelhássemos nestes povos irmãos, não na perspectiva de
duplicarmos os nossos problemas na recolha dos problemas deles, mas na
perspectiva de colhermos deles as qualidades que lhes fazem diferentes de nós
em termos de prosperidade, pois seria-nos fictício qualquer tentativa de
comparação em relação aos países do primeiro mundo, pelo facto destes já terem
transcendido o que ainda nos é utopia.
A Problemática da monopolização de recursos pode
com facilidade dirigir-nos para um futuro sombrio etnológico na medida em que poderemos
futuramente contar com um número elevado de esclarecidos em uma apenas região,
marginalizando nesse sentido as outras regiões, que cultivarão acentuadamente
os hábitos tradicionais como fruto da ausência de uma visão racional ou
científica da realidade.
Por se tratar de um problema de culpa política, não
seria novidade se pensássemos que com a presença de um forte partido político, seria
de extrema vitalidade para a nossa sociedade no contexto de vida em que nos
encontramos.
A proliferação destes grupos apenas em momentos
eleitorais tem provado integralmente a inexistência de um punhado de gente que
se preocupe realmente com os problemas da nação; e como auge, a mediocridade
destes grupos é revelada pelo número elevado, se não cabalmente, de gente não
esclarecida, razão pela qual repetem em outros moldes as mesmas promessas às
dos outros grupos.